Muita gente ainda torce o nariz quando ouve falar em tecidos ecológicos, alimentos orgânicos e produtos naturais. Na Europa e nos Estados Unidos, a coisa funciona ao inverso: quem tem cabeça socioambiental é visto como hypado. Do lado de lá do Equador, a questão já está incorporada, e ninguém nem cogita não reciclar o lixo ou colecionar centenas de sacolinhas de plástico. No fim das contas, o Brasil só não conta com um mercado de orgânicos e afins mais aquecido porque não há público suficiente. “O consumo sustentável não traz benefícios imediatos, mas garante condições de trabalho justas e a preservação do meio ambiente”, diz Oskar Metsavaht, dono da Osklen, um dos pioneiros da moda eco no Brasil. Só nos resta, então, correr atrás do prejuízo e ser a vanguarda verde por aqui.
Moda
Novos tecidos
Do que se trata: tecidos bacanas feitos com matérias-primas inimagináveis no passado. A Osklen investe pesado em pesquisas e desenvolvimento de novos materiais, como o couro ecológico de látex extraído na Amazônia, a lona com fibra de juta e o couro de peixe. O instituto-e acompanha toda a produção para ver se os processos envolvidos na manufatura são sustentáveis.
Clique aqui: Osklen
Sapato de couro de peixe, Osklen, R$ 697.
Velhos tecidos
Do que se trata: revisitar o conceito da avó que reforma roupas. Uma coleção chamada New Vintage, com peças feitas com tecidos que sobraram nos últimos dez anos da marca de Yves Saint Laurent, está à venda na Barneys. No Brasil, a JRJ Tecidos tem uma linha feita com lona de caminhão.
Clique aqui: JRJ Tecidos
Bolsa Polo, de lona de caminhão, R$ 280.
Cor sem tinta
Do que se trata: tingir roupas sem usar pigmentos artificiais de espécie alguma. A Éden trabalha com algodão 100% orgânico e tingimento natural extraído de corantes vegetais e pigmentos minerais.
Clique aqui: Éden
Camiseta 100% algodão orgânico, R$ 109.
Biodegradável
Do que se trata: materiais que você pode usar e descartar sem culpa. A estilista Simone Nunes tem uma parceria com a indústria química Basf, que desenvolveu um plástico à base de milho biodegradável. Ele é aplicado por cima do tecido e parece um couro craquelado. Já a Maria Bonita Extra lançou óculos de sol de acetato de celulose, material igualmente biodegradável.
Anote aí: Simone Nunes e Maria Bonita Extra
Óculos de sol de acetato de celulose, R$ 518.
* Preços pesquisados em agosto de 2009.
Design
Móveis com biofilia e biomimética
Do que se trata: antes que você enlouqueça, biofilia é o uso de cores, padrões e formas da natureza que causam a sensação de conforto nas pessoas. “Já a biomimética é usar formas, processos e sistemas que imitam o mundo natural e são a base de design de produtos, como a espinha dorsal da cadeira Setu”, diz Mark Schurman, diretor internacional de comunicação da Herman Miller. A cadeira chega ao mercado brasileiro este mês.
Clique aqui: Herman Miller
Cadeira Setu,a partir de R$ 2,1 mil.
Bambu chapado
Do que se trata: é o bambu usado na decoração sem o jeitão ripongo de ser. A Neobambu fabrica chapas de bambu para revestir pisos, paredes e móveis. “É a maneira de aliar uma estética bonita com algo sustentável”, explica Francine Gautier, diretora da Neobambu. A empresa desenvolveu até um piso de bambu com o aspecto de madeira de demolição.
Clique aqui: Neobambu
Não é o que parece
Do que se trata: pegar algo inusitado e transformar em algo bonito e usável. Exemplo: a loja IT Design, no Instituto Tomie Ohtake, vende peças da designer Anastacia Jean Kyrissoglou, que faz colares com caixas de ovo e de pizza. Já Francesca Romana Diana criou a pulseira Good News, que mistura folhas de jornal com ouro e pedras brasileiras.
Clique aqui: IT Design e Francesca Romana Diana
Pulseira Good News, R$ 280.
Revestimento de móveis com sobras
Do que se trata: revestir dez poltronas e, com as sobras, revestir mais uma! É o que acontece no Estúdio Glória, de Karina Arruda. Ela compra móveis antigos e detonados, recupera tudo e dá um acabamento moderninho. O mais legal é que os tecidos usados por ela são altamente reaproveitados: os retalhos viram um patchwork e revestem outra peça, e assim por diante.
Clique aqui: Estúdio Glória
* Preços pesquisados em agosto de 2009.
Comida viva
Do que se trata: é consumir alimentos de origem vegetal que não foram cozidos, fritos ou assados. Le Manjue Bistrô faz sucos orgânicos batidos com gel de linhaça germinada na água. “É ideal para combater a TPM, reduzir o colesterol ruim, aliviar o estresse, melhorar a digestão e ainda curar a ressaca”, conta o chef Renato Caleffi .
Clique aqui: Le Manjue Bistrô
Suco com gel de linhaça, R$ 6.
Produtores orgânicos!
Do que se trata: consumir o que há de mais fresco e próximo de cada região, sem o uso de pesticidas, claro! “Sempre que possível, trabalhamos com produtores locais orgânicos. Estimulamos os fornecedores e garantimos a compra de 100% da produção. Assim, eles se capitalizam, crescem e produzem mais”, revela Sandra Sabóia, gerente de orgânicos do grupo Pão de Açúcar. “Temos ingredientes orgânicos para todas as refeições: café da manhã, almoço e jantar”, completa Sandra.
Clique aqui: Pão de Açúcar
Chocolates datados
Do que se trata: depois dos vinhos e cafés, é a vez de os chocolates ganharem safras especiais e se livrarem dos agrotóxicos. A Cau Chocolates vende barras feitas com o chocolate safrado orgânico Alto el Sol 2007.
Clique aqui: Cau Chocolates
Vinho orgânico, biodinâmico ou natural
Do que se trata: os títulos de orgânico e biodinâmico se referem ao manejo da
uva e do vinhedo. O primeiro é sem o uso de agrotóxico. O segundo, além desse princípio, faz uso da energização do solo e da observação dos astros. Na vinificação, é permitida a adição de sulfitos ou anidrido sulfuroso. Já o chamado vinho natural é orgânico, biodinâmico e não usa sulfitos, que são os principais causadores de dores
de cabeça em quem tem alergia. A WorldWine tem mais de 220 rótulos
verdes em suas adegas.
Clique aqui: WorldWine
Prosecco Valdobbiadene, Silvano Follador, R$ 106.
Beleza
Minerais x vegetais
Do que se trata: enquanto o mercado de beleza fala muito em make e produtos à base de minerais, a diretriz da Natura é trocar sempre que possível os ingredientes minerais por vegetais. “Os minérios do mundo vão acabar, mas os vegetais são renováveis”, conta Luciana Villa Nova, gerente de pesquisa de produto da Natura.
Clique aqui: Natura
Batom Aquarela, 80% vegetal, R$ 15.
Direto da floresta
Do que se trata: garimpar sementes às quais ninguém dava bola e transformar em maravilhas cosméticas. A Kérastase acaba de lançar o Slim Capilar, um tratamento para cabelos que contém óleo de pracaxi, ativo extraído da semente dessa planta tropical da floresta Amazônica. O óleo de pracaxi, junto com camelina e damasco, ajuda a domar cabelos rebeldes e volumosos. Essa vagem caía das árvores e ficava nas margens do rio. Hoje ela é comercializada e ajuda a melhorar a economia das comunidades locais.
Clique aqui: Kérastase
Máscara Oléo-Relax Slim, R$ 115, e Creme Oléo- Relax Slim, R$ 88.
100% de aproveitamento
Do que se trata: não deixar nem uma casquinha do ingrediente utilizado para contar a história. A empresa francesa L’Occitane, por exemplo, reformulou a sua linha de hidratantes e antioxidantes derivados da oliva. “Conseguimos aproveitar as folhas, o fruto e até o óleo do caroço da oliva. Com isso, evitamos o desperdício”, conta Silvia Gambin, diretora-presidente da L’Occitane Brasil.
Anote aí: L’Occitane
Banho orgânico
Do que se trata: é se embelezar da cabeça aos pés sem causar danos ao planeta. Depois de lançar o xampu, o condicionador e, mais recentemente, o desodorante de cassis e noni orgânicos, a Éh Cosméticos lança agora a linha com ativos orgânicos para o corpo, como o sabonete líquido e os hidratantes de flores do Himalaia e lótus e o exfoliante de bambu e óleo de amêndoa doce. Haja natureza!
Clique aqui: Éh Cosméticos
Óleo de banho orgânico, preço a definir.
* Preços pesquisados em agosto de 2009.